
Vantagens das soluções modernas face aos métodos clássicos
septembre 1, 2025Introdução
A humidade nos edifícios é um tema recorrente na patologia da construção. Pode ter várias origens: defeitos de impermeabilização, infiltrações de chuva, fugas de canalizações, condensação interior… Mas existe um fenómeno particular, tanto antigo como atual, que afeta especialmente as casas tradicionais e alguns edifícios mais recentes: a humidade por capilaridade.
Não resulta de um acidente pontual, mas sim de um processo físico contínuo. Deve-se à migração natural da água presente no solo para as paredes, em consequência da porosidade dos materiais de construção. Com o tempo, provoca danos visíveis e degrada o conforto habitacional.
Para compreender melhor, é necessário analisar em detalhe o mecanismo, os fatores que o favorecem, as manifestações e as consequências, antes mesmo de considerar soluções.
1. Definição e mecanismo da humidade por capilaridade
1.1 O que é a humidade por capilaridade?
A humidade por capilaridade designa a migração ascendente da água presente no solo através das paredes em contacto com ele. Deve-se à porosidade dos materiais de construção, que permitem que a água se desloque nos seus capilares.
Em outras palavras: uma parede porosa funciona como uma esponja, absorvendo a água na base das fundações, que depois sobe lentamente.
1.2 A lei da capilaridade
O fenómeno baseia-se na capilaridade, uma lei física universal. Quando um líquido entra em contacto com um material poroso, pode subir nos seus poros, até mesmo contra a gravidade.
Exemplo simples: um pavio de tecido mergulhado num copo de água absorve o líquido, que sobe progressivamente ao longo das fibras. Numa parede, os poros do tijolo, da pedra ou da argamassa desempenham essa função.
1.3 Altura atingida
Em média, a humidade por capilaridade manifesta-se até 0,5 a 1,5 m acima do solo. Em casos extremos (materiais muito porosos, solos saturados), pode atingir 2 m ou mais.
2. Fatores que favorecem a humidade por capilaridade
2.1 Ausência de barreira impermeável
Nas construções modernas, normalmente coloca-se uma membrana impermeável na base das paredes para impedir a subida da humidade. Nos edifícios antigos esta precaução não existia. Assim, a maioria das casas construídas antes de 1960–1970 não dispõe dessa barreira, o que as torna muito vulneráveis.
2.2 Natureza do solo
A composição do solo desempenha um papel essencial:
- Solos argilosos retêm grandes quantidades de água.
- Solos limosos são pouco permeáveis e favorecem o encharcamento.
- Solos arenosos, mais drenantes, limitam o fenómeno, mas não o impedem totalmente.
2.3 Nível freático
Quanto mais elevado for o nível freático, maior será a pressão exercida sobre as fundações. Em alguns casos, a parede está em contacto permanente com um terreno saturado, o que intensifica a humidade por capilaridade.
2.4 Materiais de construção
Cada material reage de forma diferente:
- O tijolo maciço é muito poroso e absorve rapidamente a água.
- As pedras calcárias brandas são também muito sensíveis.
- As argamassas antigas à base de cal permitem facilmente a circulação da humidade.
- O betão moderno é mais estanque, mas as suas fissuras criam vias de entrada.
3. Manifestações visíveis
3.1 Sinais característicos
- Auréolas escuras na parte inferior das paredes.
- Bolhas e descascamento de tintas ou papéis de parede.
- Degradação de rebocos e estuques.
- Depósitos esbranquiçados chamados salitre.
3.2 Indícios indiretos
- Odor persistente a mofo.
- Rodapés ou carpintarias de madeira que incham ou apodrecem.
- Ladrilhos que se soltam.
- Sensação de paredes frias ao toque.
4. Consequências no edifício
4.1 Degradações estéticas
O aspeto das paredes degrada-se rapidamente. Os trabalhos de pintura ou decoração tornam-se inúteis enquanto a causa não for tratada.
4.2 Degradações estruturais
Com o tempo, a água enfraquece os materiais:
- As argamassas perdem coesão.
- Os tijolos desfazem-se à superfície.
- As pedras brandas fragmentam-se.
4.3 O papel do salitre
Os sais dissolvidos na água migram com ela. Ao cristalizarem, formam o salitre. Este depósito retém a humidade e agrava a degradação, provocando fissuras e destacamentos.
5. Consequências no conforto habitacional
5.1 Temperatura percebida
Uma parede húmida é sempre mais fria do que uma seca. Isso aumenta a sensação de frio na divisão, mesmo que a temperatura ambiente seja correta.
5.2 Humidade do ar
O ar torna-se mais húmido. Esta humidade ambiental torna a atmosfera mais pesada e menos agradável.
5.3 Consumo energético
Uma habitação húmida é mais difícil de aquecer. Os ocupantes tendem a aumentar a temperatura, o que gera maior consumo energético.
6. Diferenciar a humidade por capilaridade de outros problemas de humidade
6.1 Condensação
Provocada pela humidade do ar interior, manifesta-se nos vidros, nos cantos das paredes e nos tetos. Deve-se à falta de ventilação.
6.2 Infiltrações laterais
A água penetra horizontalmente através das fachadas ou da cobertura. As manchas podem aparecer a qualquer altura.
6.3 Fugas de canalizações
Uma fuga cria uma humidade localizada e repentina. A inspeção das instalações permite identificá-la.
7. Como confirmar o diagnóstico?
7.1 Inspeção visual
Permite identificar sinais característicos, mas não basta sozinha.
7.2 Medições instrumentais
- Higrómetros de contacto ou de agulha.
- Aparelhos de micro-ondas para medições em profundidade.
7.3 Análises laboratoriais
- Extração de amostras (carotes) para determinar o teor exato de água.
- Estudo dos sais para identificar a sua natureza.
7.4 Termografia infravermelha
Permite visualizar as zonas húmidas através das diferenças de temperatura.
Conclusão
A humidade por capilaridade é um fenómeno natural, ligado à porosidade dos materiais e à humidade do solo. Afeta sobretudo as construções antigas, mas pode ocorrer em qualquer edifício mal protegido.
A sua evolução é lenta mas contínua, e as suas consequências afetam tanto a estética como a durabilidade dos materiais e o conforto interior.
Antes de qualquer intervenção, é indispensável um diagnóstico preciso para distinguir a humidade por capilaridade de outras causas e adaptar a solução.